Consegui realizar o sonho de me tornar bibliotecária no final de 2017, mas até pouco tempo ainda não sabia se realmente conseguiria atuar na área.
Desde janeiro moro na Alemanha. Antes mesmo de me mudar para cá, comecei a enviar currículos para as vagas publicadas no https://jobs.openbiblio.eu/ em que achava ter alguma chance.
Em janeiro cheguei a ser chamada para um entrevista em Bonn, mas depois recebi apenas negativas.
Em abril vi uma vaga que mencionava o idioma português. Achei interessante, mas não achei que deveria me inscrever, pois a lista de pré-requisitos ia muito além do que poderia atender.
Algumas semanas depois, uma amiga que mora aqui na Alemanha me enviou o link.
Reli a oferta.
Bom, pensei, que mal pode haver em me candidatar? Aquela história, o não eu já tenho…
Pedi para o professor do curso de alemão que estava fazendo à época revisar minha carta de apresentação, além de uma amiga de meu antigo trabalho e um antigo professor de alemão. Este último sugeriu que eu reestruturasse o texto. A essa altura, confesso, eu já havia enviado a candidatura.
Umas três semanas mais tarde fui convidada para um entrevista, inclusive com direito a reembolso da passagem de trem e da hospedagem. Fiquei feliz pela chance, pois mesmo que não fosse escolhida, já seria um treino.
Viajei a Heidelberg para a entrevista no dia 12 de junho. Cheguei cedo de mais. Lembro que o diretor da biblioteca parecia meio desnorteado porque os peguei desprevinidos. 🙂
A entrevista durou mais ou menos uma hora. Meia hora em alemão. Meia hora em inglês. Em alemão foram as perguntas mais técnicas. Em inglês, as mais pessoais, por assim dizer. As perguntas da área englobaram desde diferenciar ciência da informação de arquitetura da informação (duas áreas das minhas formações), dar opinião sobre sistemas open source, explicar o que havia feito nos meus estágios.
Saí da entrevista bem sem esperanças, pois achei que fui sincera de mais – e, consequentemente, muito ingênua. Achei que falei muita coisa que não deveria. Sei lá. Saí triste, porque era mais ou menos o emprego dos meus sonhos.
Fato é que uma semana depois recebi um e-mail dizendo que eu havia sido escolhida e que a vaga seria minha se eu quisesse. Estava no intervalo da aula de alemão quando li a mensagem. Nem acreditei e fui direto na professora. Ela leu a mensagem e me deu um abraço. Só então acreditei que realmente tinha meu primeiro emprego como bibliotecária. Quem me conhece pode imaginar a minha felicidade.
Ainda fiquei em Münster algumas semanas, fiz a prova de proficiência de alemão (passei!), arrumei minhas coisas e mudei-me para Heidelberg.
Desde a metade julho trabalho na biblioteca do Instituto Max Planck de Direito Público Comparado e Direito Internacional.