Curso de alemão

Depois de longas sete semanas de espera, hoje fiz minha matrícula no curso intensivo de alemão que é oferecido aos alunos estrangeiros antes de o semestre começar.

No dia 20 de fevereiro passarei por uma prova de nivelamento (outro teste OnDaF) e já a partir do dia seguinte começarão as aulas. Dependendo do nível, serão no mesmo prédio da minha faculdade ou em uma outra universidade no centro da cidade.

Os cursos são organizados pela VESPA – Verbund für Sprachenangelegenheiten, uma associação que trata de assuntos linguísticos de diversas instituições de ensino superior de Stuttgart.

Quando comecei a olhar as informações sobre o curso, havia lido que seriam gratuitos, mas, quando o site foi atualizado, notei que passaram a ter um custo. Pelo curso intensivo em fevereiro/março e por aquele realizado ao longo do semestre são cobrados 100 euros, o que acho um valor bem razoável.

O curso intensivo será realizado de 21 de fevereiro a 16 de março. O curso regular inicia-se na semana de 20 ou 27 de março e será uma vez por semana, a tarde toda.

Não poderia estar mais animada, pois é uma chance real de melhorar meus conhecimentos de alemão.

Planejando o intercâmbio

Tendo a carta de aceitação da Escola Superior de Mídias (HdM), comecei a listar tudo que tinha que providenciar para o intercâmbio:

  • seguro-saúde (fiz logo nos primeiros dias, pois era requisito essencial para os passos seguintes. Escolhi a Mawista, pois tinha um bom plano para estudantes);
  • alojamento (eu preenchi o pedido de um quarto no alojamento estudantil até 30.11. Ao fazer isso, percebi que havia um limite de idade que eu ultrapassava – 35 anos. Escrevi para o International Office e eles entraram em contato com os administradores do alojamento. Abriram uma exceção e consegui um quarto individual em um apartamento com outros seis universitários). Quando eu estiver lá farei outro post para contar como tudo funciona na prática.
  • disciplinas (entrei em contato por e-mail com o coordenador do curso, que me encaminhou para um outro professor. Menos de 24 horas depois de eu ter enviado o e-mail já tinha informações sobre o número de créditos e uma lista preliminar das disciplinas que poderei fazer. A programação completa, assim como as inscrições, é liberada agora em janeiro, ainda preciso aguardar um pouco, mas já dei uma olhada na grade do último semestre. Há várias disciplinas que quero fazer, mas tenho que ter o cuidado de não me sobrecarregar, pois afinal tudo será em alemão, o que não é exatamente simples).
  • passagem (depois de pesquisar muito, decidi comprar uma passagem da KLM, via Amsterdã. A volta será de Air France, via Paris. Como meu marido irá comigo no início do intercâmbio, optamos por passear um pouco antes de ir para a Alemanha).
  • licença/demissão do emprego (por enquanto ainda não sei se conseguirei a licença seis meses, mas não tenho pensado muito sobre esse assunto. Se não der a licença, poderei me concentrar nos meus estágios no segundo semestre).
  • $$$ (decidi comprar um cartão de viagem, mas ainda trocarei alguns euros). Logo mais farei um post sobre planejamento financeiro.

O resultado

Um mês depois da inscrição recebi o e-mail que tanto aguardava com a resposta da Escola Superior de Mídias (HdM). Depois de uns 20 dias de enviar a candidatura não resisti e perguntei sobre um possível prazo para divulgação do resultado. O diretor da assessoria internacional disse que logo sairia, “em alguns dias”.

No dia 1º de dezembro recebi a carta de aceitação com informações sobre documentos que teria de providenciar e o contato de coordenador de meu curso. Os mais importantes eram o seguro de saúde e o visto. Cotei um plano de saúde na Mawista (fechei um para estudantes que custa 75 euros por mês). Com o visto, felizmente, não precisei me preocupar pois tenho cidadania italiana e posso morar na Alemanha sem necessidade de uma permissão formal.

Curiosamente, dois dias antes de chegar a carta de aceitação recebi uma mensagem do alojamento que o International Office costuma reservar para estudantes estrangeiros dizendo que eu deveria preencher um formulário, que foi o que fiz só por garantia, apesar de ainda não ter 100% de certeza de que teria uma vaga no curso. A essa altura minha ansiedade estava enorme, mas logo soube que poderia respirar aliviada e feliz.

Preparando a documentação

O primeiro passo foi preencher o formulário disponível no site do International Office. No caso da Escola Superior de Mídias (HdM), preenche-se on-line e ao final é gerado um pdf. A universidade já recebe as primeiras informações sobre o aluno interessado em estudar lá. O pdf precisa ser impresso e assinado pelo candidato.

O dificultador é que o formulário precisa também ser assinado pela assessoria internacional da universidade de origem. Eu estava pensando em fazer o intercâmbio há meses, mas desisti. Somente faltando 10 dias retomei o processo. Ao comentar com duas amigas que não iria mais me candidatar, elas fizeram tanta pressão que não tive outra alternativa a não ser correr atrás dos documentos. (Obrigada, Julia e Ursula).

Ou seja, quando entrei em contato com a UCS, tinha apenas uma semana para resolver tudo – comportamento tipicamente brasileiro. Como não recebi resposta por e-mail, liguei e fui prontamente atendida pelo Thiago.

Outro ponto periclitante do processo era pedir uma carta/e-mail para a coordenadora, que falou que a faria sem problemas. Só que isso levou alguns dias e eu não queria ser a chata que deixa tudo para última hora e depois fica cobrando. Solicitei na segunda-feira e esperei até sexta para pedir novamente. Ela me enviou no dia 31, último dia, mas enviou! 🙂 Esse documento não precisava ser enviado junto com o restante da documentação, mas precisa estar dentro do prazo.

Enquanto esperava esses dois documentos, fui fazendo a tradução do histórico (primeiro a partir do que eu tinha acesso pelo AVA, depois pela lista enviada pelo protocolo da UCS). Sorte que o serviço no protocolo é muito ágil. Assim que liguei pedindo, já soube para quem deveria encaminhar um e-mail e a pessoa prontamente já me enviou o histórico atualizado. Não era necessária uma tradução juramentada, então eu mesmo traduzi – para o inglês, por ser mais simples.

Pronta essa parte, fui fazer o que considerava o mais complicado: a carta de motivação. Não é moleza, mas no final consegui fazer uma carta sobre o caminho que percorri até chegar ao curso de biblioteconomia e justificando porque havia escolhido o curso na Alemanha.

Eu tinha um certificado de inglês da época que participei do programa Idioma sem Fronteiras (por ser aluna de pós-graduação de uma universidade federal), mas ele não servia para muita coisa, pois o curso de Biblioteconomia na HdM é em alemão. Por sorte eu trabalho no lugar que aplica provas de nivelamento de alemão para o caso de quem quer fazer um intercâmbio. Em um dia calmo no trabalho, fiz a prova. Consegui o B2 de que precisava.

Juntei a isso uma foto 3×4 e as cópias de meus dois passaportes (brasileiro e italiano).

Pronto!

A candidatura estava pronta na quinta-feira! 🙂

Primeiros passos para a candidatura

Depois de ler as informações sobre o curso na página de apresentação, o melhor lugar para saber se é possível estudar em uma universidade alemã (sendo uma estudante estrangeira) é a página do International Office. Normalmente as instituições alemãs têm um acesso bem sinalizado para a página da assessoria internacional. No caso da Escola Superior de Mídias (HdM), ela é identificada logo no menu principal como International. Fácil de encontrar.

Dali segui para a página destinada a alunos de intercâmbio identificada como Exchange Students. Nessa página há um pouco de tudo: calendário, os cursos oferecidos em inglês, aqueles oferecidos em alemão (caso da Biblioteconomia), a candidatura on-line, custos, moradia, seguro-saúde, a vida em Stuttgart e depoimentos de outros alunos estrangeiros. Claro que sempre surge uma dúvida nova, mas as informações apresentadas ali já mostram bem o caminho a ser seguido.

O prazo de inscrição para o semestre de inverno (outubro-fevereiro) é 31 de maio; para o de verão (março-julho), 31 de outubro.

Para realizar a inscrição é necessário reunir alguns documentos. No meu caso foram:

  • formulário (disponível no site apenas em um prazo determinado), que precisa ser assinado pelo candidato e pelo representante da assessoria internacional da universidade de origem;
  • carta de motivação, que escrevi em alemão, mas creio que pode ser feita em inglês;
  • certificado de conhecimentos de inglês ou alemão;
  • histórico escolar;
  • cópia do passaporte;
  • foto 3×4.
  • Além de um e-mail da coordenação do curso falando que autoriza/recomenda a estudante para o intercâmbio, que foi feita pela profª. Patricia.

Após providenciar tudo, enviei a inscrição por e-mail, como recomendado.

A escolha do curso na Alemanha

Realizar um semestre fora não era o meu plano inicial. Eu queria era fazer um estágio em outro país. Até cheguei a pesquisar algumas bibliotecas e ver se aceitavam estagiários estrangeiros. Porém, leis trabalhistas não são a coisa mais simples em lugar algum. Assim fui mudando aos poucos meus planos.

Como trabalho em uma organização alemã e o idioma faz parte do meu cotidiano (apesar de eu ainda precisar comer muito arroz com feijão para falar direito), comecei a procurar universidades na Alemanha. Além de um importante detalhe: na Alemanha, mais de 90% das universidades são públicas, o que facilitaria – e muito – o planejamento financeiro desta aventura.

Comecei a procurar no buscador do DAAD: https://www.daad.de/deutschland/studienangebote/studiengang/de.

Os resultados traziam pouco mais de meia dúzia de cursos. O passo seguinte foi entrar no site de cada universidade (normalmente as informações estão em alemão e inglês). Primeiro dava uma olhada na descrição do curso, depois ia para a seção destinada a alunos estrangeiros, onde há quase tudo sobre requisitos, documentos, forma de inscrição, custos e prazos.

Das que pesquisei, gostei da Universidade Técnica de Colônia, que eu por acaso até tinha visitado em uma viagem de trabalho em abril passado. Só que como o curso era em módulos, eu teria de repetir disciplinas que já havia feito na UCS. Foquei então no curso da Escola Superior de Mídias, que me agradava já pelo próprio nome, relacionando meu curso de jornalismo com o de Biblioteconomia.

Desvio no percurso

Como já escrevi aqui, tive o benefício de ter seis disciplinas reconhecidas (por já ter feito outra graduação), incluindo as realizadas normalmente no começo do curso. Assim não precisei fazer disciplinas atrasadas e desde o primeiro semestre consegui cursar sempre as matérias no tempo certo em que apareciam na programação.

Do jeito que tudo estava planejado, teria apenas mais dois semestres pela frente, sendo o próximo somente para um estágio e o último para o segundo estágio e duas disciplinas. Só que resolvi eu mesma bagunçar um pouco esse planejamento – e quase tudo na minha vida.

Por um bom motivo, acredito.

Sempre quis fazer um intercâmbio acadêmico. Na primeira graduação, queria, mas nem sabia por onde começar (naqueles tempos sem internet), além de não falar idioma algum além do português.  No doutorado, demorei demais para definir minha questão de pesquisa e acabou não dando tempo. Nessa segunda graduação, busquei uma oportunidade. E ela acabou aparecendo. Então resolvi largar tudo e aproveitá-la.

Por isso, em 30 dias estarei embarcando para a Alemanha, onde estudarei Biblioteconomia por um semestre na Hochschule der Medien (Escola Superior de Mídias), em Stuttgart.

Não poderia estar mais empolgada!